Sistema de Alerta entra em operação na Bacia do Rio Doce


12 nov/2021

Previsto para iniciar a partir da segunda quinzena de novembro, como usualmente adotado em anos anteriores, foi antecipado devido à fortes chuvas.

Com o objetivo de alertar quanto ao risco de ocorrência de inundações na Bacia do Rio Doce entre os meses de novembro e março, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), em parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), antecipou a transmissão diária do Boletim Técnico contendo informações sobre os níveis dos rios nas estações fluviométricas monitoradas. Anteriormente previsto para entrar em operação a partir da segunda quinzena de novembro, como usualmente adotado em anos anteriores, foi antecipado para o dia 08 de novembro.

Os boletins são transmitidos diariamente a diversas instituições governamentais, com informações sobre os níveis dos rios nas estações fluviométricas monitoradas. Além disso, indicam a cota de alerta e de inundação das principais estações da bacia. O Sistema atende direta e indiretamente a 16 municípios localizados nas proximidades das calhas dos rios Doce, Piranga, Piracicaba, Santo Antônio e Suaçuí Grande.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce) busca apoiar a CPRM no levantamento de dados junto a diversas entidades, na publicidade dos resultados obtidos por meio do monitoramento realizado e na aproximação junto aos municípios da área de abrangência do Sistema de Alerta de Eventos Críticos (SACE).

Já a Câmara Técnica de Gestão de Eventos Críticos do CBH-Doce (CTGEC), com o apoio de instituições como a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Estado do Espírito Santo, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais e da ARDOCE, promove reuniões de alinhamento com gestores municipais e as coordenações de defesa civil, no intuito de que compreendam a operação do Sistema de Alerta e a importância da atuação da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil.

Segundo a presidente da CTGEC, Ariane Kelly Roncal Silva, a Bacia Hidrográfica do Rio Doce sofre historicamente com problemas de inundações e alagamentos, situação ocasionada sobretudo devido à ocupação dos fundos de vales, áreas de preservação permanente e áreas de cheias regulares dos cursos d’água que compõem a hidrografia. “O acesso às informações disponibilizadas por meio do monitoramento é primordial para que a gestão de risco de eventos críticos vinculados à ocorrência de cheias aconteça satisfatoriamente. Os boletins emitidos pela CPRM contribuem muito na tomada de decisão frente a uma situação de risco, pois subsidiam os munícipios para que, com segurança, possam se antecipar aos eventos, planejar e preparar as respostas necessárias, minimizando, consequentemente, os impactos negativos”, destacou.

ANTECIPAÇÃO

Segundo o engenheiro hidrólogo e pesquisador em geociência da CPRM, José Alexandre Pinto Coelho Filho, a antecipação se deve às fortes chuvas na bacia, que levaram algumas localidades a se aproximarem da cota de atenção. Todavia, em função da estiagem histórica na região Sudeste do Brasil, não foram verificados eventos de alerta, pois o solo da bacia hidrográfica se encontrava em elevado déficit hídrico. “Na primeira semana de novembro de 2021, ocorreram chuvas intensas na bacia hidrográfica. O aumento da precipitação, somado aos registros verificados em outubro, levaram às cotas de atenção nos rios Piranga (em Ponte Nova – MG), Piracicaba (em Nova Era – MG) e Doce (em Governador Valadares – MG e Linhares – ES)”, destacou José Alexandre, ressaltando que o Sistema pode apresentar instabilidade nas  previsões para eventos de chuvas intensas localizadas e concentradas apenas sobre o município e suas adjacências ( eventos de chuvas convectivas),  fatores que podem ocasionar o aumento abrupto no nível do rio, provocando enchentes repentinas e localizadas.

Ainda segundo José Alexandre, a operação do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Doce apresenta algumas particularidades, dentre as quais estão os diversos pontos de monitoramento correspondentes às usinas hidrelétricas. “Vale ressaltar que a maioria dessas Usinas operam a fio d’água, ou seja, não possuem reservatórios com capacidade significativa de acumulação de volumes para armazenamento. Esse aspecto pode ser um desafio durante os eventos de cheias nas bacias, pois trabalha-se com as vazões naturais dos cursos de água, as quais não são controladas (ou regularizadas) por uma barragem, e, portanto, liberadas gradualmente para a calha fluvial, impossibilitando o amortecimento das cheias ao longo da bacia”, frisou.

COTA DE ALERTA / COTA INUNDAÇÃO

A cota de alerta significa que foi atingido o nível do rio no qual verifica-se elevada possibilidade de ocorrência de inundação. Nesse caso, o monitoramento passa a ser mais intenso. A orientação, ao serem atingidas essas cotas, é que o próprio município também se articule para observar os níveis nas réguas linimétricas localizadas nas estações fluviométricas, a fim de orientar a população quando aos possíveis riscos. Já a cota de inundação é atingida quando o ponto mais baixo da cidade começa a ser inundado.

O SISTEMA DE ALERTA

O Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Doce funciona desde o ano de 1997, beneficiando cidades e municípios localizados nas proximidades das calhas dos rios Piranga, Piracicaba, Santo Antônio, Suaçuí Grande e Doce. Diariamente, um Boletim Técnico contendo informações sobre os níveis dos rios nas estações fluviométricas monitoradas é transmitido a diversas instituições governamentais, tais como o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e prefeituras dos municípios da Bacia do Doce. O boletim pode ser acessado pela página da CPRM. A previsão é que a operação atual do Sistema de Alerta permaneça até o final do mês de março de 2022, considerado o término da estação chuvosa.

MUNICÍPIOS MONITORADOS

Na Bacia Hidrográfica do Rio Doce o sistema abrange 16 municípios que estão localizados na calha principal dos rios Piranga, Piracicaba e Doce, sendo eles: Açucena, Antônio Dias, Baixo Guandu, Colatina, Conselheiro Pena, Coronel Fabriciano, Galileia, Governador Valadares, Ipatinga, Linhares, Nova Era, Ponte Nova, Resplendor, Timóteo e Tumiritinga.

MANCHA DE INUNDAÇÃO EM NOVA ERA

Encontra-se em fase de conclusão o estudo da mancha de inundação realizado para a cidade de Nova Era – MG. Os trabalhos de definição da planície de inundação consistem em modelagem hidráulica da área inundada para diferentes vazões/cotas, associadas a diversos tempos de retorno (ou probabilidades de ocorrência), servindo como ferramenta de apoio aos gestores municipais na tomada de decisão para a retirada da população atingida, podendo minimizar prejuízos e danos causados pelas cheias, bem como contribuir para a gestão territorial de áreas ainda não ocupadas.

Os estudos de manchas de inundação produzidos pela CPRM estão disponíveis em: http://www.cprm.gov.br/sace/index_manchas_inundacao.php.