Municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Doce vivenciam efeitos do período de estiagem


16 jun/2016

Escassez hídrica já mostra reflexos em atividades econômicas e garantia do abastecimento humano é prioridade entre as ações dos comitês de bacia

Com precipitações abaixo do esperado em toda a Bacia Hidrográfica do Rio Doce, membros dos Comitês que compõem as porções mineira e capixaba da Bacia voltam a atenção aos efeitos da estiagem e buscam alternativas para garantia dos usos prioritários em regiões críticas. No colegiado, uma câmara técnica, formada por membros dos Comitês e técnicos de entidades voltadas à gestão dos recursos hídricos, foi criada para acompanhar os reflexos de situações como a falta de água, períodos de cheia e cianobactérias: a Câmara Técnica de Gestão de Eventos Hídricos (CTGEC). Paralelamente ao trabalho da CTGEC, representantes dos CBHs desenvolvem ações de conscientização sobre o uso da água e articulam ações mitigadoras, como a criação de Acordos de Cooperação Comunitária (ACCs).

Estiagem em Minas

Segundo dados da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Geológico do Brasil (CPRM), desde outubro de 2011 são registradas precipitações abaixo da média histórica. Apesar de terem sido observadas chuvas dentro da normalidade no período chuvoso de 2015 a 2016, a situação continua grave em boa parte do Estado. De acordo com a entidade, as análises das precipitações e das vazões, de março de 2014 até o mês de maio de 2016, permitem afirmar que esse é um dos mais rigorosos períodos de seca em parte da área de atuação da CPRM. Avaliando os dados levantados, observou-se que em todas as bacias monitoradas, o total acumulado em outubro 2015 a maio de 2016 é menor do que o total acumulado da média histórica de outubro a maio, sendo um dos anos mais secos da série histórica em diversas localidades de Minas Gerais.

Pior seca do Espírito Santo nos últimos 80 anos

Dez dos 14 municípios em situação extremamente crítica nove estão localizados na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, sendo eles: Marilândia, Alto Rio Novo, São Mateus, Rio Bananal, Sooretama, Ibiraçu, São Roque do Canaã, Santa Teresa e Itarana. Segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o mês de março, tradicionalmente chuvoso, foi marcado por chuvas abaixo do nível esperado para todo o Estado. Na porção Noroeste do Estado, a mais prejudicada pela seca, há o registro de precipitações com volume seis vezes menor do que o normal para o período. Na Bacia do Rio Doce, ainda segundo o Incaper, no primeiro trimestre foi registrado um déficit entre 50 e 100 milímetros por mês.

Preocupados em amenizar os efeitos da estiagem e mediar conflitos, por meio da articulação entre os segmentos, os Comitês da porção capixaba da Bacia do Rio Doce trabalham para promover uma gestão eficiente dos recursos hídricos. Em períodos de escassez, membros do colegiado apostam nos Acordos de Cooperação Comunitária (ACCs) como instrumento para garantir a disponibilidade de água. Os ACCs têm como objetivo regular os usos dos recursos hídricos, a fim de garantir os usos prioritários e a utilização da água de forma igualitária, através da articulação entre a sociedade e os usuários de água, podendo sofrer ajustes conforme as necessidades da população da porção hidrográfica.