Em defesa do Rio Doce


11 dez/2015

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 “No dia 13 de dezembro de 1501, uma esquadra, cumprindo ordens da Coroa Portuguesa, descia na costa brasileira, do norte para o sul, em busca de riquezas. No litoral do Espírito Santo os portugueses avistaram a mancha das águas de um rio tingido pelo azul do Oceano Atlântico. Acabavam de descobrir o Rio Doce, na sua foz”, registra o Livro Rio Doce 500 anos, publicado em 2001 por Adopho Campos.

Na data do seu descobrimento, e no momento em que estão no foco dos debates as questões relacionadas à preservação e recuperação da região, os Comitês que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Doce reforçam a busca da melhoria da qualidade e quantidade da água e apontam os resultados positivos alcançados a partir dos programas e projetos já implantados.

As ações de melhoria estão sendo desenvolvidas graças à utilização de recursos oriundos da cobrança pelo uso da água, instituída em 2011. Todo o valor arrecadado é investido em programas, definidos no Plano Integrado de Recursos Hídircos da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (PIRH) e seus sem Planos de Ação para as bacias de rios afluentes (PARHs). A previsão é de que aproximadamente R$ 174,8 milhões sejam aplicados nos próximos cinco anos.

Saneamento básico para o Rio Doce

Por se tratar do 10º manancial mais poluído do país, 156 municípios da Bacia do Rio Doce já foram beneficiados com a aplicação de mais de R$ 21 milhões por meio do Programa de Universalização do Saneamento (P41), que financia a elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSBs).

“No momento em que todo o mundo está colocando em pauta as questões ambientais, é um grande passo para a nossa região receber o recurso para a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico. Teremos mais condição de atender nossa comunidade”, comemora o prefeito de Rio Vermelho/MG e presidente da Associação dos Municípios da Microrregião da Bacia do Suaçuí (Ambas), Djalma de Oliveira.

Para os próximos anos, os recursos alocados no programa serão investidos na elaboração de projetos de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Já o Programa de Expansão do Saneamento Rural (P42) prevê a implantação de sistemas de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto, com aproveitamento racional e disposição adequada dos resíduos coletados.

Cuidar das nascentes é garantir a vida

Responsáveis pela manutenção dos rios e córregos, as nascentes são essenciais para a qualidade e quantidade de água na bacia. Pensando nisso, uma iniciativa foi colocada como prioridade nas ações dos Comitês para os próximos cinco anos: o Programa de Recomposição de APPs e Nascentes (P52), que consiste no levantamento de áreas críticas e prioritárias para recomposição ou adensamento de matas ciliares e de topos de morro, além de caracterização e recuperação de nascentes e áreas degradadas. As ações do P52 serão potencializadas através do Programa de Controle das Atividades Geradoras de Sedimentos (P12) – que consiste na elaboração de diagnóstico específico, com mapeamento, identificação a campo, caracterização de processos erosivos e proposta de remediação de áreas degradadas geradoras de sedimentos, especialmente estradas vicinais e caminhos de serviço das propriedades rurais.

Água na medida certa

Em algumas regiões da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, como no interior do Espírito Santo, já são registrados conflitos ligados ao uso da água, decorrentes da escassez. Uma das atividades econômicas que mais sofrem com a falta do recurso é a agricultura. Pensando nisso, os CBH’s implantaram o Programa de Incentivo ao Uso Racional da Água na Agricultura (P22), que já beneficiou 240 produtores com a instalação do irrigâmetro – aparelho desenvolvido e patenteado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), que mede a quantidade de água que uma lavoura precisa na irrigação, através de um sistema de evapotranspiração.

O produtor rural Geraldo Gon, da zona rural de Colatina, teve o irrigâmetro instalado em sua propriedade em dezembro de 2014. “Antes aguávamos a produção conforme o que achávamos que era certo e, hoje, temos o aparelho que indica a quantidade ideal”, comemora. Com isso, ainda segundo ele, “o café rendeu muito mais”!