No Dia Mundial da Água, tragédia ambiental do Rio Doce é discutida em Fórum Mundial


23 mar/2018

CBH-Doce foi convidado a compartilhar experiências frente ao desastre em duas sessões especiais, que também contaram com a participação de representantes da CPRM, Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais, Conselho Interfederativo, Consultivo e Fundação Renova

Na data em que se comemora o Dia Mundial da Água, o Rio Doce foi destaque nas discussões do 8º Fórum Mundial da Água. A presidente do CBH-Doce, Lucinha Teixeira, foi convidada a compartilhar as experiências do colegiado na promoção da qualidade ambiental do Rio Doce, antes e depois do rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015.

Durante a manhã, uma sessão especial, em que foram discutidas as diretrizes de trabalho adotadas por diferentes entidades após a tragédia, Lucinha Teixeira falou sobre o empenho dos CBHs na recuperação da Bacia do Rio Doce, mesmo antes ao rompimento da barragem de rejeitos de minério, já que trata-se de um território com histórico de degradação e que recebe em seus cursos d’água grandes volumes de esgoto sem tratamento. “Precisamos somar esforços e fortalecer quem já está nessa discussão. Temos que articular melhor diversas ações que estão acontecendo para que elas, de fato, beneficiem o Rio Doce. E, nesse sentido, chamo a atenção para a importância de se envolver os atores locais”, lembrou. A representante da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Alice Castilho, “Esse é o maior desastre ambiental do país. E precisamos sempre relembrar, divulgar e compartilhar essa experiência, ainda mais em um evento como esse, de alcance mundial”. Já o advogado geral do Estado de Minas Gerais, Onofre Batista Junior, concluiu que “não existe estruturalmente no direto brasileiro um aparato legal para se lidar com uma questão dessa magnitude. Um retrato óbvio da necessidade de uma ação matricial e articulada. Talvez a solução dada para esse caso seja paradigmática e tenha sinalizado a importância de se estar preparado para tragédias que podem indiscutivelmente acontecer”. Já Roberto Waack ponderou que “não adianta pensarmos em nossas ações só com o olhar da emergência, principalmente no que diz respeito à reparação e compensação dos danos ambientais. Temos o compromisso de avançar nas ações de curto prazo, sem esquecer desse legado a longo prazo, sempre priorizando a participação popular nesse desenho das soluções”.

À tarde, Lucinha Teixeira representou o CBH-Doce em uma mesa que que foram relatados os desafios e oportunidades decorrentes da tragédia ambiental, com a participação da representante dos atingidos e  integrante do Conselho Consultivo, Maria Auxiliadora Souza; do coordenador do Comitê Técnico, José Carlos Carvalho; do presidente do Comitê Interfederativo (CIF), Marcelo Belizário; da superintendente de Gestão Ambiental da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, Zuleika Torquetti e do presidente da Fundação Renova, Roberto Waack. Maria Auxiliadora, moradora da cidade de Rio Doce, que deu nome ao curso principal da bacia, explicou que “foi preciso aprender a ser comunidade para reivindicar direitos que nem sabíamos que a gente tinha. A gente não sabia o valor do rio até não poder mais usá-lo. A partir daí que começamos a nos enxergar como uma comunidade tradicional e esse grupo de pessoas, o substrato social, precisou se organizar para buscar soluções”. Já Zuleika destacou que “precisamos aprender com essa crise e buscar inovações em nossas discussões e nas soluções propostas. Em uma situação como essa, não há resposta pronta”.

FAMA

Um ato inter-religioso marcou o encerramento das atividades do Fórum Alternativo Mundial da Água, o FAMA. Participantes de todo o mundo se juntaram, em uma caminhada, pedindo a participação popular nas discussões sobre o futuro dos recursos hídricos no planeta.

Palavra dos membros

O secretário-executivo do CBH-Santa Maria do Doce e Secretário de Meio Ambiente de São Roque, André Barcellos, que está participando das atividades da Vila Cidadã desde a abertura do 8º Fórum Mundial da Água, destacou que “são várias ações simultâneas e muito conhecimento à nossa disposição. Uma pena que os espaços não foram tão explorados, já que as discussões estão dispersas em três locais diferentes. Seria uma oportunidade de todos estarem juntos, dialogando, dividindo experiências e absorvendo informações”.

Confira as fotos do Fórum.

Fórum Alternativo de Água